Crónica de Abril

Hoje é dia da Liberdade em Portugal: 25 de abril. Todos os anos comemoramos o fim da ditadura neste dia, mas este ano, mais do que nunca me pareceu oportuno fazer este comentário aqui neste mural, onde ainda existe liberdade de opinião!

Há 48 anos, o país virava uma página negra da sua história, com a ajuda dos “capitães” e dos partidos políticos, que hoje apelidamos de tradicionais. Estes partidos tinham e grande parte ainda tem causas e valores que defendiam e defendem. Aliás, esse era uma das grandes razões para a adesão ou filiação nos partidos.

Contudo, nos últimos anos tem surgido outros partidos políticos e movimentos de cidadãos, populistas, vazios de ideais, mas que tem atraído muitos votos. Estes partidos, estes movimentos, que na sua grande maioria apenas representam a sede de poder do seu líder são uma das maiores ameaças que temos à nossa democracia. Se conjugarmos o surgimento e crescimento destas forças, com a invasão bárbara da Ucrânia pela Rússia e com os resultados das eleições francesas deste domingo, podemos afirmar que a nossa democracia corre perigo e que todas as democracias da europa ou quiçá do mundo também elas estão ameaçadas.

Que estes sinais sirvam de alerta para que todos os democratas do mundo possam unir esforços e lutar para preservar o sistema democrático, que mesmo sendo mau, todos os outros são piores.

Os partidos “tradicionais” não devem tentar combater os populismos com “populismo”. Se o fizerem ficam descaracterizados e perdem o combate porque correm atrás do adversário. Devem procurar as suas forças internas, os ideais e valores, os seus membros (aderentes, militantes, camaradas, companheiros, etc.). São as pessoas que dão vida às organizações, e neste caso em concreto: aos partidos. Desprezar as pessoas de dentro para valorizar aqueles que não têm a coragem de aderir a uma defesa de valores e ideais é tentar ser populista e isso nos partidos tradicionais pode significar o fim. Coisa diferente, é falar em abrir o partido à sociedade, perceber os problemas que a afetam e crescer em número de membros e poder contar com mais pessoas que partilhem os mesmos valores. Quando se fala em partidos políticos não dá para entender os chamados “independentes”. Penso que a médio ou longo prazo são mais prejudiciais do que benéficos, pois são aqueles querem aproveitar-se dos partidos para benefício próprio. Se não for esse o propósito teriam aderido ao partido e não seriam “independentes”.

Os movimentos de cidadãos, quando são constituídos para satisfazer as necessidades egocêntricas de um líder sedento de poder são um atentado à democracia e um insulto à sociedade. Haverá causas ou valores sem partido que as defenda? Por que não estão essas pessoas integradas nos partidos a defender esses ideais? Sede de poder não me parece compatível com democracia, e muito mal estaremos quando a maioria dos cidadãos desejar satisfazer essa sede de poder a um líder.

Por último termino dizendo que hoje, tal como há 48 anos atrás, os ideais de abril continuam válidos e a precisar de pessoas que lutem por eles.

Viva o 25 de abril!

Viva Portugal!

Viva a democracia!

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